Foto: Renata A. Silva
O processo criativo iniciou em Agosto de 2015. Orientada pela professora Dra. Daniella Aguiar, na disciplina de Estágio Supervisionado e Ateliê do Corpo I e II, em Junho de 2016 parte do processo foi publicado como pôster e instalação para o colóquio do curso de Letras na Universidade Federal de Uberlândia: O corpo e a Imagem no discurso. Site do evento: http://www.ileel.ufu.br/cid/.
MERCADO BRANCO: integração versus fragmentação do corpo
Fabiana B. C. A. Garcez e Daniella Aguiar
Universidade Federal de Uberlândia - (UFU), fabianadancaufu@gmail.br e daniella.aguiar@ufu.br
Universidade Federal de Uberlândia - (UFU), fabianadancaufu@gmail.br e daniella.aguiar@ufu.br
Justificativa
Rudolf
Laban é um artista e teórico do movimento humano, considerado uma das
maiores figuras da história da dança do início do século XX. A fim de
compreender a relação entre corpo e espaço, Laban se interessa pela
matemática, o que o leva a conhecer a concepção dos cristais ou cinco
sólidos geométricos perfeitos de Platão (BITTENCOURT, 2015: 19). Ele
desenvolve estudos do movimento do corpo imaginado e percebido dentro da
estrutura dos sólidos geométricos, investigando a tridimensionalidade
corporal e seus movimentos. O objetivo de Laban é, através da
experimentação do movimento em sua relação com os sólidos geométricos,
promover uma experiência integral ao ser humano.
A noção de corpo integral aqui se relaciona ao fato de Laban, bem como outros estudiosos do movimento da época, considerar o corpo em uma relação holística com a mente, as emoções e as relações com o contexto. Esta proposição de Laban já é uma resposta à fragmentação do indivíduo, principalmente do ponto de vista do corpo, que se inicia com o advento da Anatomia, ciência originada no período da Renascença com grande desenvolvimento no século XVII. Essa nova ciência da época promove não só a fragmentação do corpo físico, como também propaga, especialmente no Ocidente, a noção de corpo dualista (MEDEIROS R., 2011: 145). Além disso, a Anatomia, impulsionada pelos instrumentos de visualização do corpo, como é o caso do raio x, dá ênfase à visão sobre a audição e o tato nos diagnósticos médicos (ORTEGA, 2005). Para Ortega (2005), o corpo apreendido visualmente é um corpo fragmentado e não uma unidade orgânica.
Palavras-chave: raio x; Laban; instalação artística.
A noção de corpo integral aqui se relaciona ao fato de Laban, bem como outros estudiosos do movimento da época, considerar o corpo em uma relação holística com a mente, as emoções e as relações com o contexto. Esta proposição de Laban já é uma resposta à fragmentação do indivíduo, principalmente do ponto de vista do corpo, que se inicia com o advento da Anatomia, ciência originada no período da Renascença com grande desenvolvimento no século XVII. Essa nova ciência da época promove não só a fragmentação do corpo físico, como também propaga, especialmente no Ocidente, a noção de corpo dualista (MEDEIROS R., 2011: 145). Além disso, a Anatomia, impulsionada pelos instrumentos de visualização do corpo, como é o caso do raio x, dá ênfase à visão sobre a audição e o tato nos diagnósticos médicos (ORTEGA, 2005). Para Ortega (2005), o corpo apreendido visualmente é um corpo fragmentado e não uma unidade orgânica.
Palavras-chave: raio x; Laban; instalação artística.
Objetivo geral
Desenvolver uma instalação artística que confronta o pensamento do ser humano integral de Rudolf Laban, e a fragmentação que a abordagem da medicina moderna traz para a noção de corpo.
Objetivos específicos
Questionar através da instalação artística a noção de corpo fragmentado;
Enfatizar o papel da percepção visual na relação entre corpo fragmentado e corpo integral;
Discutir como a imagem fragmentada do corpo, nas radiografias e ressonâncias magnéticas, influencia a noção do próprio corpo;
Enfatizar o papel do movimento corporal na construção do ser humano integral.
Desenvolver uma instalação artística que confronta o pensamento do ser humano integral de Rudolf Laban, e a fragmentação que a abordagem da medicina moderna traz para a noção de corpo.
Objetivos específicos
Questionar através da instalação artística a noção de corpo fragmentado;
Enfatizar o papel da percepção visual na relação entre corpo fragmentado e corpo integral;
Discutir como a imagem fragmentada do corpo, nas radiografias e ressonâncias magnéticas, influencia a noção do próprio corpo;
Enfatizar o papel do movimento corporal na construção do ser humano integral.
Material
A
instalação artística é construída com os seguintes materiais: cano de
PVC, radiografias e ressonâncias magnéticas, ilhoses, fios de nylon.
Metodologia
A
partir da discussão sobre corpo fragmentado e corpo integral, propõe-se
uma instalação artística constituída por em um cubo ou hexaedro vazado,
o sólido geométrico que faz referência à obra de Laban, com a dimensão
de dois metros por dois metros, onde radiografias e ressonâncias
magnéticas, que representam partes do corpo de diversas pessoas, estão
penduradas por fios de nylon.
A instalação é parte de um processo de investigação artística em curso na disciplina “Estágio Supervisionado de Ateliê do Corpo/Atuação II”, com apresentação do resultado final no segundo semestre de 2017.
A instalação é parte de um processo de investigação artística em curso na disciplina “Estágio Supervisionado de Ateliê do Corpo/Atuação II”, com apresentação do resultado final no segundo semestre de 2017.
Resultados e Discussão
A proposta de instalação ativa, através da sensação corporal, o diálogo entre a noção do ser integral e o corpo fragmentado. Ao
possibilitar que o espectador não seja apenas um observador, mas que
possa atravessar a estrutura, pode instigar a atenção do
espectador-experimentador para a relação entre a fragmentação e a
integração do próprio corpo.
Além disso, a instalação pode instigar a atenção do espectador-experimentador para os espaços entre as estruturas do corpo, percebidos pela transparência das radiografias e ressonâncias magnéticas, que revelam algumas estruturas corporais e, ao mesmo tempo também ocultam outras. Ou seja, não apresentam um retrato completo e verdadeiro do corpo.
A pesquisa, deste modo, questiona as possibilidades de sentir e pensar como estamos cuidando do próprio corpo. A escuta de si, o cuidado de si e a atenção para si na atualidade, são percepções que estão comprometidas com a noção de corpo fragmentado, e muitas vezes baseado nos diagnósticos médicos.
Além disso, a instalação pode instigar a atenção do espectador-experimentador para os espaços entre as estruturas do corpo, percebidos pela transparência das radiografias e ressonâncias magnéticas, que revelam algumas estruturas corporais e, ao mesmo tempo também ocultam outras. Ou seja, não apresentam um retrato completo e verdadeiro do corpo.
A pesquisa, deste modo, questiona as possibilidades de sentir e pensar como estamos cuidando do próprio corpo. A escuta de si, o cuidado de si e a atenção para si na atualidade, são percepções que estão comprometidas com a noção de corpo fragmentado, e muitas vezes baseado nos diagnósticos médicos.
Conclusão
Faz-se
necessário refletir sobre como a noção de corpo fragmentado,
desenvolvido pelo advento da Anatomia e, mais tarde, pelos diagnósticos
através da imagem como o raio x, reverbera no entendimento de si e
cuidados de si.
A noção de ser humano integral de Laban, ao ser atualizada na instalação artística, convida o espectador-experimentador a repensar-se como corpo. Repensar a fragmentação imposta, histórica e socialmente, no cotidiano das consultas médicas. Repensar como o movimento do próprio corpo pode se relacionar com sua integração.
A noção de ser humano integral de Laban, ao ser atualizada na instalação artística, convida o espectador-experimentador a repensar-se como corpo. Repensar a fragmentação imposta, histórica e socialmente, no cotidiano das consultas médicas. Repensar como o movimento do próprio corpo pode se relacionar com sua integração.
Referências
BITTENCOURT,
Ivana Matias. Um estudo da cinesfera como espaço de autonomia do corpo.
2015. Dissertação (Mestrado em Dança) – Universidade Federal da Bahia,
Salvador, 2015. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312005000200004.
Acesso em: 05/03/2017.
ORTEGA, F. Corpo e tecnologias de visualização médica: entre a fragmentação na cultura do espetáculo e a fenomenologia do corpo vivido, 2005. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312005000200004.
Acesso em: 05/03/2017.
MEDEIROS, Rosie Marie Nascimento de. Do corpo anatômico ao corpo fenomenológico: diferentes perspectivas para se pensar o corpo. Vivência. n.37. 2011. p. 141-149.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312005000200004.
Acesso em: 05/03/2017.
ORTEGA, F. Corpo e tecnologias de visualização médica: entre a fragmentação na cultura do espetáculo e a fenomenologia do corpo vivido, 2005. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312005000200004.
Acesso em: 05/03/2017.
MEDEIROS, Rosie Marie Nascimento de. Do corpo anatômico ao corpo fenomenológico: diferentes perspectivas para se pensar o corpo. Vivência. n.37. 2011. p. 141-149.
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